30.11.11

L'amore solo non basta

  Eu me lembro dos seus gritos desesperados, das suas mãos trêmulas, dos olhos encharcados e frios - e meus. Ainda sinto seus braços a me tomar, fazendo-o como se fosse a única coisa que essa dolorosa vida tem a oferecer como recompensa. Não acredito que esta teoria esteja errada - pelo contrário, está totalmente certa. Na verdade tudo sobre sua essência é certo. Certo como um cobertor em uma noite fria; como o calor dos nossos lábios no meio da mais tempestuosa chuva; como um ombro amigo em meio às lágrimas; como meu pronome pessoal favorito que tornou-se muito pessoal e singular, mesmo estando no plural - nós.
    — Do que você mais sente falta? - perguntaram-me. 
    Algo duro de se responder, é bem verdade. Mas apesar de tudo o que experimentamos - a loucura, o calor, a novidade, a briga, a trégua montada 27 segundos depois, os defeitos se completando com os melhores dos seus prodígios, os abraços, os beijos, a compreensão, enfim, o amor - sentirei mesmo falta do fato de como nos conhecíamos como ninguém jamais conseguiu. E de repente tudo foi embora. E de repente tudo se desfez. E de repente somos estranhos - ironia, não é?! Logo nós que prometemos sempre compreender um ao outro.
    E aqui estou eu; procurando um lugar vago nesta sala vazia. Sim, vazia igual minha vida desde que você resolveu largar a possança do nosso amor - pelo menos foi amor para mim.
    A sala está vazia, mas os lugares ao seu lado estão ocupados por um monstro horrível - orgulho - que me impede de aproximar-me de ti.
    — Por que demorou tanto? - você me perguntou com aquele olhar de dor e com a culpa nos lábios.
    — Porque você desistiu. 
    Era para soar como uma afirmação, mas cada célula do meu ser perguntava, gritava o que eu acabara de falar-lhe.
    — Não consigo desistir da minha vida.
    As suas mãos acariciaram meu rosto. Precisei senti-las para ter certeza de que aquilo tudo era real. De repente elas deslizaram em meu braço rígido no qual estava querendo segurar-te e nunca mais soltar enquanto suas mãos fabricavam pequenos choques que se alastravam pelo meu corpo como se você fosse um legítimo filho do deus-raio - mas com a beleza de Apolo e capaz de me provocar sentimentos que só Afrodite é capaz de explicar - e fazendo-me perguntar a cada segundo porquê preciso tanto de ti.
    Suas mãos chegaram em minha cintura, então você me puxou para mais perto. Pude sentir tudo de novo - seu hálito adocicado, seu toque eletrizante, seus olhos a me encarar calidamente e, principalmente, seu perfume; aquele que sempre esteve na minha roupa e em meus lençóis - enquanto eu lutava contra minha consciência que gritava a dor que senti quando deixou-me largada.
    — Dexe-me queimar essa saudade. - disse com sua voz ao meu ouvido me derretendo lentamente. A mesma voz rouca que eu tanto senti falta, e , de repente, soube do que você falava. 
    O jeito como me olhou depois dessas palavras guardarei para sempre no fundo da minha memória imortal. 
    Senti seu rosto aproximando-se do meu. Naquela hora fiquei cansada de manter meus lábios selados; os abri, mas não para nos beijarmos, mas para vociferar minha decisão abismal:
   — Está tudo acabado. Definitivamente! De verdade, finalmente.
   Sua expressão era um misto de turbação e lividez. O peso das minhas palavras ainda amargavam em minha boca. Era como um carregamento ferroviário de uma centena de elefantes.
   — Mas você disse que me amava. - senti a confusão em cada palavra condescendente. 
   — E todo dia digo que estou bem, mesmo sabendo que é uma grande mentira.
   — E todas as promessas que fizemos?
   — Você as quebrou. Jurou que nunca me magoaria e aqui estou eu, desfalecendo aos poucos.
   — Mas... - seu rosto suplicava por amor; suplicava por mim - mas eu te amo.
   — Só o amor não basta. 
   Algo dentro de mim criou força, o qual fez-me afastar de ti. De repente aqueles elefantes desceram ao meu coração e rapidamente ocuparam o lugar que você conquistou lá dentro, criando uma dor sufocante. 
   A débil força que fiz para não chorar fez-se dilacerada enquanto pisava firmemente, deixando-te para trás, ao mesmo passo que lembrava-me de algo que li antes de fazer isso. 
  "Como a pobre se iludia nas horas em que as débeis forças de vida se lhe concentravam no coração!"

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